Reciclagem e destinação do lixo são tema de discussão no Paraná 01/08/2013 - 15:20

A importância da reciclagem para aumentar a vida útil dos aterros, gerar economia aos municípios, emprego e renda foi tema de debate em diferentes regiões do Paraná, nesta quinta-feira (01). 

O secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, falou sobre o cenário da disposição, coleta e reciclagem do lixo na abertura do Congresso Brasileiro de Direito Socioambiental e Sustentabilidade, em Curitiba. 

No período da tarde, o mesmo tema foi abordado na Conferência Macrorregional de Meio Ambiente, em Ponta Grossa, onde 73 municípios dos Campos Gerais, Litoral, Curitiba e Região Metropolitana apresentaram propostas para o gerenciamento dos resíduos sólidos. 

"O mundo produz 1,3 bilhão de toneladas por ano de lixo e este número vai dobrar em 20 anos, devido ao crescimento acelerado das cidades periféricas e consequentemente, aumento do consumo e da produção de lixo", alertou Cheida. 

O secretário lembrou que a lei de resíduos sólidos 12.305/2010 - que completa três anos nesta sexta-feira (02 de agosto) - não está sendo cumprida no país, já que apenas 27% dos municípios brasileiros possuem aterros sanitários. 

"Se reciclarmos todo o lixo produzido, que no Paraná é de 20 mil toneladas por dia, apenas 15% deste total - que são chamados rejeitos - serão destinados aos aterros sanitários, triplicando a sua vida útil", afirmou Cheida. 

A política estadual de resíduos sólidos, seguindo a tendência da lei federal, está incentivando a formação de consórcios intermunicipais, tendo em vista que cerca de 160 aterros municipais viraram lixão no Paraná por falta de gerenciamento adequado. Vale lembrar, que a responsabilidade pela coleta e destinação adequada dos resíduos é municipal. 

"Temos 200 municípios no Paraná com menos de 10 mil habitantes e sem os recursos necessários para administrar um aterro. A formação dos consórcios, entre outros benefícios, dará uma escala maior aos produtos reciclados, trazendo benefícios aos municípios e aos recicladores", ponderou Cheida. 

O secretário conta que no Paraná existem 44 mil catadores de materiais recicláveis. No Brasil são 600 mil pessoas que separam o lixo gerado por empresas e domicílios todos os dias. 

CONTRAPONTO - O coordenador das promotorias de Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná, Saint Clair Honorato dos Santos, é contra a formação de consórcios intermunicipais. Para ele, os consórcios vão reduzir o volume de materiais recicláveis que chegam a cooperativas e, aliado a isso, a oportunidade de inserção dos catadores no mercado de trabalho. 

Outra dificuldade encontrada pelas cooperativas de catadores e que foi mencionada por Saint Clair, é a compra do material reciclado pelas indústrias. 

"As indústrias só compram fardos de 500 quilos e as cooperativas só conseguem gerar fardos de 300 quilos de material reciclado. Precisamos de prensas maiores para melhorar a arrecadação das cooperativas", afirmou Saint Clair. 

O representante da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Wanderley Coelho, disse que os diversos setores das indústrias estão trabalhando para implementar a logística reversa dos resíduos que disponibilizam no mercado - conforme previsto em lei - e que a maior dificuldade está na falta de campanhas de reciclagem. "Temos prazos para implementar o recolhimento de resíduos como pilhas, pneus, baterias, eletroeletrônicos, óleos lubrificantes, lâmpadas, entre outros", mencionou. 

PONTA GROSSA - Na Conferência Macrorregional de Meio Ambiente de Ponta Grossa foram discutidas soluções para as cidades. "O Governo do Estado está atuando em todos os sentidos para ajudar os municípios no cumprimento da Lei Federal", afirmou o coordenador de resíduos sólidos da Secretaria do Meio Ambiente, Laerty Dudas. 

Ponta Grossa, por exemplo, construiu o seu aterro sanitário na década de 60. Porém, com o aumento da quantidade de lixo gerada no município nos últimos anos, o local precisou de reforço e recebeu, em 2005, uma nova célula. Desde então, o espaço acabou se tornando um aterro controlado, que é uma categoria intermediária entre o lixão e o aterro sanitário - não tem a base impermeabilizada, nem sistema de tratamento do chorume ou do biogás. A quantidade de lixo gerada diariamente em Ponta Grossa hoje ultrapassa 250 toneladas. 

Telêmaco Borba está na mesma situação. O aterro sanitário da cidade foi implantado em 2001, mas, desde que a nova célula entrou em operação, em 2012, acabou se transformando em um aterro controlado, que recebe por dia 49 toneladas de lixo. 

Nos dois municípios, a estratégia tem sido investir em ações de educação ambiental para diminuir a quantidade de lixo. 

Em Ponta Grossa, por meio do programa Feira Verde, dois quilos de lixo reciclável são trocados por frutas, legumes e verduras em mais de 130 pontos da cidade. Por dia, a média nas operações é de 10 toneladas de alimentos distribuídos para 20 toneladas de materiais recicláveis retirados do meio ambiente. “O Feira Verde tem forte participação popular, principalmente entre os moradores de baixa renda, e tem sido muito eficaz no incentivo à separação do lixo”, salienta o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel. 

Além de reduzir o lixo nas ruas e incentivar uma alimentação mais saudável, o projeto Feira Verde beneficia aproximadamente 150 famílias que compõem as cinco cooperativas de catadores de materiais recicláveis da cidade. 

Já em Telêmaco Borba, o carro-chefe da campanha pela diminuição do lixo é o programa D' Volta, que consiste em um circuito sustentável de recolhimento e destino correto de pilhas, baterias e eletroeletrônicos inservíveis. Os resíduos são entregues em cerca de 150 pontos de coletas distribuídos no comércio, escolas e secretarias municipais e a prefeitura faz o encaminhamento correto do material em parceria com a Cooperativa dos Agentes Ambientais de Telêmaco Borba. O projeto ainda inclui palestras e atividades educativas nas escolas. 

A engenheira ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Telêmaco Borba, Lorena Bonfim, conta que o plano é construir um novo aterro no município. "Porém, enquanto isso não acontece, estamos investindo em ações de educação ambiental nas escolas e na comunidade em geral. O D' Volta é um bom exemplo no sentido de despertar a consciência sobre o descarte correto do lixo tecnológico. A ideia é incluir outros resíduos no programa em breve", explica Lorena. 

PROGRAMAÇÃO - Todas as regiões do Paraná realizarão Conferências Macrorregionais para reunir propostas para o gerenciamento dos resíduos sólidos até o final do mês de agosto. As próximas Conferências Macrorregionais de Meio Ambiente serão em Maringá (7 de agosto) e Cascavel (9 de agosto). 




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