Poliniza Paraná

Seguindo o exemplo dos Jardins de Mel de Curitiba, o Estado do Paraná, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), em parceria com o Instituto Água e Terra (IAT) e a Prefeitura de Curitiba, lançou, em janeiro de 2022, o Projeto Poliniza Paraná. O objetivo é instalar colmeias de abelhas nativas sem ferrão em diversas cidades do Estado para reintroduzir polinizadores nativos em seus locais de origem, pois muitos se encontram ameaçados de extinção, além de despertar na sociedade a consciência ecossistêmica e a compreensão do funcionamento harmonioso da natureza.

O Projeto é uma linha de ação do Programa Paraná Mais Verde, decretado na Lei Estadual n° 20738/2021, e é um dos meios de se alcançar as metas definidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente relacionado ao objetivo 15 - Vida Terrestre.

Entre os objetivos específicos estão:

  • Instalar de colmeias nos municípios contemplados com o Programa Parques Urbanos;
  • Formar e capacitação de multiplicadores e Guardiões das Abelhas Nativas Sem Ferrão, visando a manutenção da cultura de criação desses insetos;
  • Multiplicar o Projeto para escolas da rede estadual de ensino do Estado do Paraná;
  • Promover a Educação Ambiental a partir da divulgação dos serviços ecossistêmicos de regulação e equilíbrio do planeta, promovidos pelas abelhas nativas.

Com isso, espera-se que o Paraná se torne referência mundial em abelhas nativas e programas de conservação, Educação Ambiental e Sustentabilidade, além de aumentar a população desses polinizadores, consequentemente a qualidade ambiental em todas as regiões do Estado, e colaborar com o fortalecimento da cadeia de meliponicultores do Paraná.

 Como nasceu o Projeto?

A ideia de lançar uma iniciativa de proteção às abelhas surgiu por meio de uma carta recebida, em 2019, de uma turma de 3º ano da Escola Municipal Castro Alves, do município de São João. Na carta a turma relatou o projeto “Um doce que vem do campo” que estavam desenvolvendo e fez um apelo para que a Sedest cuidasse das abelhas.

Com isso, a Sedest buscou conhecer o projeto realizado pela Prefeitura de Curitiba, os “Jardins de Mel”, e percebeu a possibilidade de expandir o projeto para todo o Estado e atender ao pedido dos alunos.

 Importância das abelhas nativas:

  • A polinização é o processo que garante a produção de frutos e sementes, além da reprodução de diversas plantas. Por isso, as abelhas se destacam na manutenção e promoção da biodiversidade da Terra;
  • As abelhas são importantes para agricultura mundial, pois são responsáveis por polinizar cerca de 70% das plantas agrícolas;
  • As abelhas auxiliam na produção de cerca de 90% dos alimentos no mundo;
  • O bioma em que vivemos, a Mata Atlântica, as abelhas nativas são responsáveis pela perpetuação de 90% das espécies vegetais;
  • Em 2018, o valor serviços de polinização para a produção de alimentos foi de aproximadamente R$ 43 bilhões;
  • A preservação das abelhas é de grande importância, pois se estima que quase 90% delas foram eliminadas devido ao avanço das ações humanas.

Curiosidades

  • Há mais de 20 mil espécies de abelhas espalhadas pelo mundo. A maioria delas tem comportamento solitário, mas dentre elas existem aproximadamente 420 espécies de abelhas sociais nativas sem ferrão, 300 dessas são encontradas no Brasil;
  • A ação de polinização por animais aumenta a quantidade ou a qualidade da produção agrícola;
  • Cerca de 100 espécies de meliponíneos que ocorrem no Brasil se encontram em risco de extinção;
  • O risco de extinção se deve ao desmatamento, à poluição e às mudanças climáticas;
  • O Paraná tem catalogado aproximadamente 38 espécies de abelhas nativas sem ferrão, cada uma com seus comportamentos.
  • As abelhas nativas sem ferrão com hábito social vivem em ninhos e se organizam em três castas - a rainha, as operárias e os zangões. Seus ninhos podem ser encontrados em troncos de árvores, em muros ou até mesmo no chão. Elas se alimentam de néctar e pólen, enquanto fazem a polinização. Armazenam seu alimento em potes de cera, mel e pólen e são responsáveis pela existência da maioria das espécies vegetais, incluindo os alimentos. Sem elas, a variedade de alimentos seria bem menor, pois auxiliam na produção de um terço de tudo que comemos.

Como ajudar na preservação das abelhas

  • Plante flores em vasos ou no jardim para servirem de alimento às abelhas;
  • Não use produtos químicos ou inseticidas próximos aos ninhos;
  • Não danifique os meliponários;
  • Visite os Parques Urbanos da sua região;
  • Deposite seu lixo na lixeira;
  • Respeite a natureza.

Resultados alcançados

Municípios atendidos

Sapopema, Andirá, Brasilândia do Sul, Kaloré, Maringá, Marumbi, São João, Campo Mourão, Cidade Gaúcha, Corumbataí do Sul, Cianorte, Arapongas, Marquinhos, Quatiguá, Santa Cruz do Monte Castelo, Andirá, Cornélio Procópio, Moreira Sales, Califórnia, Cambará, Santa Cecilia do Pavão, Flor da Serra do Sul, Querência do Norte, Santo Antônio do Sudoeste e Santo Antônio da Platina.

 

 

Unidades de Conservação

A expansão do projeto por meio da instalação em áreas de Unidades de Conservação (UC’s) do Estado do Paraná busca auxiliar na conservação das espécies de polinizadores e aquelas dependentes, atuando como uma ferramenta de educação ambiental voltada às abelhas nativas sem ferrão com a geração de mais um atrativo turístico nessas Unidades. 

Em 2023 foram contempladas 10 UC’s com a instalação de meliponários, conforme havia sido planejado outrora: A Estação Ecológica Ilha do Mel e Parque Estadual Ilha do Mel, ambos em Paranaguá; Parque Estadual Serra da Baitaca e Floresta Estadual Metropolitana, em Piraquara; Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi; Parque Estadual Vila Velha, em Ponta Grossa; Monumento Natural Estadual Salto São João, em Prudentópolis; Parque Estadual Lago Azul, em Campo Mourão; Parque Estadual do Monge, na Lapa; e Parque Estadual de Campinhos, em Tunas do Paraná.

Como participar do Projeto?

Parques Urbanos

Os municípios que buscam pela implementação de um Parque Urbano em seu município, deverá possuir um jardim de mel do Poliniza Paraná previsto em seu projeto enviado ao IAT. Para isso, o município deverá enviar os orçamentos de aquisição do kit jardim de mel (5 colmeias de abelhas nativas sem ferrão em caixa de criação racional, caixa de revestimento e instalação e material de divulgação oficial).

Plano Paraná Mais Cidades III

O Plano Paraná Mais Cidades (PPMC) é uma iniciativa do Governo do Estado do Paraná que visa contribuir para o desenvolvimento dos municípios paranaenses. Implementado por meio de diferentes secretarias e autarquias. O plano tem como objetivo atender às necessidades individuais de cada município, abrangendo áreas como infraestrutura, educação, saúde e economia. Ao colaborar para o progresso geral do estado, o PPMC busca melhorar a qualidade de vida das comunidades locais e promover o crescimento em todo o Paraná.

Em 2023 o Poliniza Paraná passou a integrar o Plano Paraná Mais Cidades. Os municípios poderão solicitar a adesão por meio de ofício direcionado ao Governador do Estado , assinado pelo prefeito, especificando também o local que gostaria de ter o jardim de mel do Poliniza Paraná seguindo as orientações da resolução Sedest nº 22/2023, e considerando qual o alcance que teria como uma ferramenta de educação ambiental.

Para mais informações a cerca do projeto, encaminhe um e-mail para poliniza@sedest.pr.gov.br ou por meio do telefone 41 3304-7766.

 

Baixe aqui o Modelo de Ofício

 

Acesse aqui a cartilha sobre a regularização da criação de abelhas sem ferrão:

Folder de Abelhas

 

A presente obra foi elaborada com o objetivo de atender às instituições que receberam, ou irão receber, o Poliniza Paraná. Visa oferecer conteúdos sobre as abelhas nativas sem ferrão e sua criação racional, para educadores ambientais, meliponicultores e demais interessados no tema meliponicultura e abelhas sem ferrão (ASF). Apresenta, além do capítulo introdutório, um capítulo sobre (cap. 2) a importância das abelhas nativas; no cap. 3, as espécies de abelhas nativas de ocorrência no Paraná, considerando as que possuem potencial de criação racional, com destaque para as previstas no projeto e as abelhas solitárias; no cap. 4, a configuração dos espaços dos meliponários do Poliniza Paraná, com orientações para definição de locais apropriados para instalação e indicação de plantas para cultivo; o cap. 5 oferece informações sobre o manejo das ASF, cuidados com os inimigos naturais, presença de organismos benéficos e a padronização das caixas racionais; o cap. 6 trata da educação ambiental com abelhas nativas, como proceder em visitas guiadas ao meliponário e espaço educador ambiental e no cap. 7 as considerações finais, seguidas de anexos e um glossário.


Link para o PDF.

Link para o EPUB.

 

 Principais espécies de abelhas nativas sem ferrão no Paraná:

 

Guaraipo

Foto: Denis Ferreira Netto

Guaraipo (Melipona bicolor)

Única espécie do gênero Melipona que possui uma ou mais abelhas rainhas poedeiras em seus ninhos. Possui distribuição do estado do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul e pode ter variações na coloração desde o amarelado até mais escuro, como grafite. Pode construir os ninhos em bases ou ocos no alto das árvores. Está na lista de espécies ameaçadas do estado do Paraná (APIS GUIA, sem data).

 

Manduri

Foto: Denis Ferreira Netto

Manduri (Melipona marginata)

Pertencente ao subgênero Eomelipona, como uma das menores espécies e também uma das mais ancestrais (NOGUEIRA-NETO, 1963 apud MORESCO, 2009). Sua distribuição geográfica compreende desde o estado do Ceará até o Rio Grande do Sul, assim como os estados de Missiones na Argentina e Caaguazú no Paraguai (MOURE et al., 2007 apud MORESCO, 2009). Realiza nidificação em ocos de árvores e paredes de taipa (VON IHERING, 1930 apud MORESCO, 2009), com favos dispostos horizontalmente e potes (locais de armazenamento de pólen e mel) e invólucro construídos com cerume, resultante da combinação da cera produzida pelas abelhas com resina coletada de plantas (MORESCO, 2009). É a única espécie do gênero que realiza diapausa reprodutiva (a rainha pode parar a postura de ovos em períodos frios ou durante o inverno) (BORGES, BLOCHTEIN, 2006 apud MORESCO, 2009).

 

Mandaçaia

Foto: Denis Ferreira Netto

Mandaçaia (Melipona quadrifasciata)

A mandaçaia possui ampla distribuição no Brasil (SILVEIRA et al., 2002 apud RAVAIANO, 2017), ocorrendo desde o Rio Grande do Sul até a Paraíba, Argentina e sudoeste do Paraguai (MOURE, KERR, 1950 apud RAVAIANO, 2017). Existem duas subespécies registradas: M. quadrifasciataquadrifasciata e M. quadrifasciataanthidioides. A primeira possui bandas amarelas tergais contínuas, enquanto a segunda possui bandas amarelas tergais descontínuas (SCHETTINO, 2013). Apresenta, ainda, diversidade de híbridos, encontrados por todo o Brasil (CAMARGO, PEDRO, 2012 apudSCHETTINO, 2013). Os ninhos são encontrados usualmente em troncos de árvores ocos com altura entre 1 e 3 metros e as colônias podem ter de 300 a 400 abelhas, aproximadamente (ROSELINO, 2005).

 

Jataí

Foto: Denis Ferreira Netto

Jataí (Tetragonisca angustula)

Essa espécie de abelha, com distribuição geográfica desde o Sul do México até o Sul do Brasil (CAMARGO, PEDRO, 2012 apud SANTIAGO, 2013), é caracterizada por corpo pequeno e delgado, medindo de 4 a 5 mm e corbícula (estrutura localizada na tíbia das pernas traseiras de determinadas espécies de abelhas, destinada a armazenamento de pólen durante o forrageamento) pequena, que não ocupa toda a largura da tíbia (MICHENER, 2007 apud SANTIAGO, 2013). É generalista quanto aos hábitos de nidificação, construindo ninhos em troncos vivos ou mortos, tubulações e paredes de alvenaria. Ocorre com frequência em ambientes antropizados (FREITA, SOARES, 2004 apud SANTIAGO, 2013) e com grande número de colônias de outras espécies de abelhas. Suas colônias podem possuir até cerca de 10 mil indivíduos (SANTIAGO, 2013). 

 

Mirim

Foto: Denis Ferreira Netto

Mirim (Plebeia sp)

As abelhas mirins constroem ninhos em árvores e barrancos, desde que possuam ocos de tamanho e aquecimento apropriados. Distribui-se nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (APIS GUIA, sem data). São abelhas pequenas e mansas produzem própolis com resinas de característica pegajosa, armazenadas nas colmeias em bolas. Essa resina na colmeia tem função de defesa contra inimigos que tentam entrar e à vedam contra a luz e o vento (PREFEITURA DE CURITIBA, sem data).

 

Iraí

Foto: Denis Ferreira Netto

Iraí (Nannotrigona testaceicornes)

A origem de seu nome vem do Tupi e significa Rio do Mel ou Rio Doce (Ira: abelha; Y: rio). Considerada uma abelha indígena, é pertencente a tribo das Trigonini, onde uma de suas principais características é a criação de um tubo de cerume na entrada da colônia que, no caso da Iraí, é de coloração variando de parda à escuro, onde sempre apresentará várias abelhas guardiãs. Constrói seus ninhos em locais variados, como muros, blocos de cimentos, tijolos vazados e, principalmente, em ocos de árvores, sendo encontrada facilmente em áreas urbanas.

É uma espécie considerada muito mansa por ser de fácil manejo, possui o comportamento de fechar a entrada da sua colônia com cerume ao anoitecer, e abri-la ao amanhecer. Pode ser encontrada dede o Paraná até o sul do Estados Unidos. Produz grande quantidade de própolis puro e viscoso, usado para a defesa de seu ninho e dona de um mel considerado de alta qualidade, porém de baixa produção anula, sendo de apenas 300 ml a 400 ml.

 

Colônia  de abelhas Tubuna.

Foto: Denis Ferreira Netto

Tubuna (Scaptotrigona bipunctata)

A Tubuna tem uma coloração negra e brilhante e as asas de cor fumê. Sua principal característica é a entrada da sua colônia que é feita de cerume escuro e em forma de funil. As colônias costumam ser bastante populosas, chegando a possuir até 50.000 indivíduos.

Ela tem um comportamento bastante defensivo, quando percebem movimentação na entrada da sua colmeia atacam os invasores, exalando um cheiro de côco-queimado, cujo feromônio fomenta o ataque da população. Seu comportamento de defesa é o de grudar e enrolar-se nos cabelos, podendo também mordiscar a pele. Essa abelha tem ocorrência disseminada em todo Paraná.

 Confira o lançamento do Poliniza Paraná:

 

 

  • Abelha Mandaçaia
    Foto: Denis Ferreira Netto

    Foto: Denis Ferreira Netto
    Abelha Iraí
    Foto: Denis Ferreira Netto

    Foto: Denis Ferreira Netto
    Abelha Jataí
    Foto: Denis Ferreira Netto

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    Abelha Guaraipo
    Foto: Denis Ferreira Netto

    Foto: Denis Ferreira Netto
    Abelha Mirim
    Foto: Denis Ferreira Netto

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    Abelha Manduri
    Foto: Denis Ferreira Netto

    Foto: Denis Ferreira Netto
    Poliniza PR
    Foto: Alessandro Vieira

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    Poliniza PR
    Foto: Sedest

    Foto: Sedest
    Poliniza PR
    Foto: Gilson Abreu AEN

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    Foto: Sedest

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    Foto: Sedest

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    Foto: Alessandro Vieira

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    Foto: Alessandro Vieira

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    Foto: Gilson Abreu AEN

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    Foto: Alessandro Vieira

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    Foto: Gilson Abreu AEN

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    Abelha Mandaçaia
    Abelha Iraí
    Abelha Jataí
    Abelha Guaraipo
    Abelha Mirim
    Abelha Manduri
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