SEMA participa de debate sobre geração de energia na FIEP 03/10/2012 - 13:43
A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) recebeu nesta terça-feira (2), na unidade do Senai na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a quarta reunião da regional Sul/Sudeste do Coema – Conselho Temático de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O encontro debateu principalmente o panorama da geração de energia no Brasil e o avanço da utilização de novas fontes energéticas.
Com o objetivo de formular diretrizes e estratégias que sirvam de base para o posicionamento da CNI na área de meio ambiente, o Coema reúne representantes dos Conselhos Temáticos de cada uma das Federações das Indústrias estaduais. Das reuniões regionais, participam também empresários e técnicos de indústrias interessadas na discussão de questões ambientais.
“Este movimento que a CNI realiza, possibilitando a troca de experiências entre todos os Estados, é muito importante para alinharmos as prioridades e demandas do setor industrial em um assunto tão importante como a área ambiental”, afirmou o presidente da Fiep, Edson Campagnolo. Ele destacou ainda a presença no encontro do secretário do Meio Ambiente do Paraná, Jonel Iurk, ressaltando que é imprescindível a atuação conjunta dos setores público e privado na busca por soluções para impasses que envolvem esta área. “Desde o início de nossa gestão, sempre tivemos uma aproximação muito boa da secretaria com o setor produtivo paranaense. O setor privado se esforça para fazer o melhor possível para não ferir o meio ambiente. Isso não se restringe apenas à gestão interna das empresas, mas também a questões externas que envolvem a esfera pública”, disse Campagnolo.
O secretário executivo do Coema, Shelley Carneiro, afirmou que as reuniões regionais do grupo servem para integrar, em nível nacional, a posição do setor industrial brasileiro em relação às principais questões ambientais. “Precisamos colocar tudo em uma agenda conjunta para ganhar força na defesa de nossos pontos de vistas. É preciso um alinhamento do setor industrial para desenvolver nossas agendas junto ao governo de maneira inteligente”, explicou.
Energia
Para tratar do tema principal da reunião de Curitiba, um dos convidados foi o diretor de estudos econômico-energéticos e ambientais da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), Amilcar Guerreiro. Ele fez um resumo da política energética brasileira e apontou algumas estratégias para se expandir o fornecimento no País nos próximos anos. Segundo o especialista, a base energética continuará sendo hidrelétrica, até porque o País utiliza apenas um terço do potencial que possui nesta área. “Isso, no entanto, passa pela possibilidade de explorar o potencial hidrelétrico da Amazônia. Esse é um desafio que precisa ser enfrentado”, disse Guerreiro. Apesar da manutenção da principal matriz, ele afirma que existe espaço para a evolução de outras fontes de energia renováveis.
Uma dessas possibilidades foi apresentada pelo superintendente da Assessoria de Energias Renováveis da Itaipu Binacional, Cícero Bley Júnior. “O esforço da Itaipu é para ir além da energia hidrelétrica, pensando em novas matrizes”, declarou. Por isso, a empresa desenvolve, junto com produtores rurais da região Oeste do Paraná, projetos para a geração de biogás a partir do tratamento de dejetos animais. A energia gerada através de biodigestores é utilizada para abastecer a propriedade e os excedentes são vendidos à operadora do sistema elétrico. “O biogás é um produto energético que tem toda uma cadeia industrial de suprimentos envolvida para fazer isso acontecer. É um vetor de desenvolvimento descentralizado. Os investimentos ambientais deixam de ser meramente passivos para passar a ser investimentos produtivos”, disse Bley Júnior.
Na reunião, o coordenador do Conselho Temático de Meio Ambiente da Fiep, Fábio Pires Leal, e o assessor da presidência da entidade, Irineu Roveda Junior, fizeram um relato de uma missão que integraram na semana passada, que esteve na Áustria para visitar diversas instalações de tratamento e geração de energia através de resíduos urbanos e industriais. “A Fiep tem sido demandada para que se manifeste a respeito da posição da indústria sobre como tratar os resíduos”, explicou Roveda Junior. “Fomos até a Áustria justamente para entender o que existe de tecnologia em relação a isso. Não queremos trazer um modelo pronto para o País, mas é preciso conhecer o que existe”, completou.
Sustentabilidade
O encontro do Coema em Curitiba teve ainda a apresentação das ações que o Senai Paraná desenvolve para auxiliar as indústrias do Estado a implantarem práticas sustentáveis. Entre elas, as consultorias em gestão de resíduos sólidos e sistemas de gestão ambiental, além da Bolsa de Reciclagem, que permite que empresas anunciem e comercializem resíduos gerados em sua produção.
Os participantes da reunião também realizaram visitas técnicas a duas estruturas do Senai na CIC. A primeira foi a obra do futuro Núcleo Senai de Soluções Sustentáveis, que funcionará em uma casa que está sendo construída na unidade com a utilização da tecnologia Wood Frame, em parceria com a empresa Tecverde. A edificação utiliza painéis de madeira reflorestada e terá mecanismos para o reaproveitamento da água da chuva, aquecimento de água por painéis solares e revestimentos ecológicos, entre outros. “Esse núcleo vai concentrar em um único ambiente todas as soluções de sustentabilidade que pode ter em uma edificação”, afirmou o gerente de novas tecnologias do Senai, Reinaldo Tockus.
A outra visita foi ao Laboratório de Eficiência Energética em Acionamentos Elétricos. Inaugurado em junho, o laboratório é resultado de uma parceria com a empresa AMK, da Alemanha, e a Universidade Tecnológica de Gabrovo (UTG), da Bulgária. A estrutura tem como foco pesquisas e melhoria de processos de eficiência energética, principalmente em motores elétricos. O laboratório também dá suporte na formação de novos profissionais.