Conselho Estadual de Proteção à Fauna Nativa (CONFAUNA) discute plano de ação para controle de cervo exótico no Paraná 23/11/2023 - 11:47

Na última segunda-feira, dia 20 de novembro de 2023, foi realizada a 2ª reunião ordinária do Conselho Estadual de Proteção à Fauna Nativa – CONFAUNA, na sede da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), em Curitiba. O encontro teve como principais pautas a eleição da vice-presidente do conselho e a apresentação do potencial de impacto do cervo exótico chital (Axis axis) sobre as espécies de cervídeos nativos, bem como às áreas passíveis de invasão no Paraná.

O cervo chital é uma espécie originária da Ásia, que foi introduzida no Brasil em 1962, na Ilha de Marajó, no Pará, para fins de caça esportiva. Na região sul, os animais encontrados têm sua origem a partir da Argentina e do Uruguai, países onde foram introduzidos também em fazendas de caça nos anos de 1906 e 1930, respectivamente.

Segundo a médica veterinária e assessora técnica da Sedest, Daniela Tozetto, que também é Secretária Executiva do CONFAUNA, é importante monitorar as ocorrências do cervo chital, por ser uma espécie invasora, que se adapta bem ao clima brasileiro, “já houve relatos de cervo chital no Paraná, mas ainda são poucos casos. No Rio Grande do Sul já foram avistados em 28 municípios”.

O cervo chital compete por recursos alimentares e áreas de vida com os cervídeos nativos, como o veado-campeiro (criticamente em perigo de extinção no Paraná), o veado-mateiro (também ameaçado de extinção no Estado), e o veado-catingueiro, além do possível risco sanitário pela transmissão de doenças e parasitas. Para Tozetto, foi fundamental conhecer a experiência dos outros estados do Sul do Brasil “Rio Grande do Sul e Santa Catarina já estão instituindo planos de manejo e normativas para o controle da espécie. Foi muito importante para discutirmos estratégias de resposta rápida a essa espécie invasora. O objetivo é prevenir antes que a espécie se espalhe”.

Para tratar disso estiveram presentes na reunião o Dr. José Maurício Barbanti (Unesp – Jaboticabal), o maior especialista em cervídeos do país, bem como os gestores ambientais Jan Mahler da Secretaria do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, e Elaine Zuchiwschi do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, que compartilharam seus conhecimentos e experiências sobre a espécie, bem como o Plano de Ação para o controle do cervo chital elaborado pelo estado de Santa Catarina, que prevê medidas de monitoramento, manejo e educação ambiental.

Ao final, foi decidido pela criação de um grupo de trabalho (ainda não instituito) com o objetivo de subsidiar a elaboração de um plano de prevenção, detecção precoce e resposta rápida à presença do cervo chital no Paraná. O grupo de trabalho será coordenado pelo presidente do CONFAUNA e terá a participação de representantes de diversos setores envolvidos na questão. A previsão é que a portaria seja publicada pelo IAT no início de 2024.

ELEIÇÃO – A vice-presidência do CONFAUNA ficou a cargo da bióloga Eunice Lislaine Chrestenzen de Souza, representante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Ela foi eleita por aclamação pelos demais membros do conselho.

O Confauna atua segundo o Decreto 11.982, de 16 de agosto de 2022 com a finalidade de subsidiar e assessorar tecnicamente a Sedest e o IAT na regulamentação e execução das ações previstas no Sistema Nacional de Gestão de Fauna Silvestre (Sisfauna), referentes à gestão e ao manejo da fauna nativa.

Membros presentes na reunião desta segunda-feira: Fernanda Braga e Daniela Tozetto (Sedest); Rosana de Oliveira e Amanda Beltramin (IAT); Breno Menezes de Campos (SEAB); Bio. Rodolfo Corrêa de Barros (CRBIO); Rodrigo Freitag (SEIL); Letícia Koproski (SETI); Danielle Tetu Rodrigues (OAB); Eunice de Souza (IBAMA); Paulo R. Mangini (CRMV); Kleber M. Mise (GEEP-Ançungui); Peterston T. Leivas (Mater Natura); Sueli Naomi Ota (Apave); e Eleine Sipinski (SPVS).

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