Paraná divulga suas emissões de Gases de Efeito Estufa na atmosfera

04/11/2014 - 09:31

O Paraná já sabe a quantidade de Gases de Efeito Estufa (GEE) que emite na atmosfera. A Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), por meio da coordenadoria de Mudanças Climáticas, concluiu o primeiro Inventário de Emissões Diretas e Indiretas de GEE, que apontou a emissão de 444.540 Gigagrama de gases na atmosfera entre os anos de 2005 a 2012. Isso representa a emissão per capita de 4,99 toneladas de gás carbônico por habitante a cada ano no Paraná. O Gigagrama é equivalente a mil toneladas.

Se comparadas as emissões no ano de 2005 e em 2012, houve um aumento de 37,54% no volume de gases emitidos na atmosfera pelo Paraná em oito anos. O documento também quantificou as remoções de GEE ocorridas no mesmo período e que totalizaram 313.856 Gigagrama de gás carbônico equivalente (GgCO2e), devido a manutenção de áreas florestais.
O inventário é o levantamento das emissões de diferentes fontes e setores, para proposição de medidas de redução e adaptação de gases de efeito estufa, seja em âmbito privado ou público. Apenas cinco estados do país já fizeram seus inventários.

“O inventário reforçou a importância das florestas no que diz respeito às mudanças do clima. Este é o primeiro passo para compreendermos o perfil e o volume das nossas emissões e, partir deste monitoramento, será possível implementarmos ações para promover metas de redução e a neutralização das emissões”, afirma o secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Antonio Caetano de Paula Junior.
A realização do estudo foi contratada em 2013 e levou um ano para ser concluído. Foram investidos R$850 mil para a elaboração do Inventário, feito pela empresa Way Carbon e que venceu o edital de licitação. Entre as principais exigências estavam a apresentação de proposta técnica com experiência comprovada da empresa e da equipe que elaborou o inventário.

Setores avaliados – O inventário foi feito nos mesmos moldes do documento elaborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Foram aplicadas as diretrizes sugeridas pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima), que organiza as emissões de acordo com setores da economia. Foram avaliados os setores: Energia, Agricultura, Floresta e Outros Usos do Solo, Processos Industriais e Usos de Produtos, Resíduos e Saneamento.

O setor de energia é responsável pela geração de 45,63% das emissões do Paraná, com 206.930 toneladas de gás carbônico equivalente (GgCO2e) emitidas no período avaliado. Neste setor estão incluídas emissões antrópicas devido à produção, à transformação, a distribuição e ao consumo de energia incluindo o uso de combustíveis fósseis (óleo diesel e gasolina).
As emissões do setor de Agricultura, Florestas e Outros Usos do Solo aparecem em segundo lugar com 41,63%, totalizando 178.217 Gigrama de toneladas de gás carbônico equivalente (GgCO2e) produzidos em oito anos. Neste setor estão incluídas as emissões e remoções de Gás Carbônico (CO2) resultantes de variações de estoque de carbono em biomassa e produtos derivados de madeira, matéria orgânica morta e solos minerais em terras manejadas, queima de resíduos agrícolas, calagem em solos manejados, cultivo de arroz, emissões em áreas alagadiças manejadas, emissões oriundas da agropecuária como a fermentação entérica de rebanhos animais e emissões de sistemas de tratamento de dejetos de animais.

Em terceiro lugar está o setor de Processos Industriais e Uso de Produtos, com 37.337 Gigagrama, equivalente a 8,18% das emissões do Paraná. Este setor foi dividido nas categorias de processos resultantes da indústria mineral, indústria química, indústria de produção de metais, uso não energético de produtos derivados de petróleo, indústria de eletrônicos, uso e manufatura de outros produtos e uso de substâncias depletoras da camada de ozônio, ou seja, que contribuem para aumentar o buraco da camada de ozônio na atmosfera, entre elas, estão os hidrofluorocarbonos.
O setor de Resíduos e Saneamento vem em último lugar entre os segmentos avaliados, com 22.036 Gigagramas de gases gerados no período avaliado. A variação no setor foi de 29%. Foram avaliadas atividades correspondentes à disposição ou tratamento final de resíduos, tratamento biológico de resíduos sólidos, incineração e queima a céu aberto de resíduos, tratamento de esgoto e descarte de efluentes industriais e domésticos, serviços de saúde e outros.

Comparação – O Paraná é o sexto estado a realizar o inventário, depois de Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
Se comparadas as emissões do Paraná (2,34%), com as emissões de São Paulo (6,75%) e Rio Grande do Sul (2,66%), o Paraná é o Estado que possui a menor representatividade e o que menos contribui para as emissões brasileiras.

Medidas - O coordenador do Inventário da Secretaria do Meio Ambiente, Carlos Renato Garcez, disse que a partir dos dados apresentados pelo Inventário será possível projetar as emissões de GEE do Paraná para o futuro e propor medidas para reduzir as emissões.
“O Inventário também será uma importante ferramenta para elaboração do Plano Estadual de Mudanças Climáticas”, enfatizou Carlos. Entre as medidas que poderão ser adotadas pelo Plano Estadual estão o emprego de sistemas mais equilibrados na agricultura e na pecuária, a manutenção permanente da cobertura do solo e a adoção de fontes de energia mais limpas. Os cidadãos também podem contribuir, adotando práticas mais sustentáveis como a reciclagem, o uso de transporte e combustíveis menos poluentes e utilizando a água e a energia de maneira racional.

O efeito estufa – Os Gases de Efeito Estufa (GEE) são substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infra-vermelha, emitida principalmente pela superfície terrestre, e dificultam seu escape para o espaço. Isso impede que ocorra uma perda demasiada de calor para o espaço, mantendo a Terra aquecida. O efeito estufa é um fenómeno natural. Esse fenômeno acontece desde a formação da Terra e é necessário para a manutenção da vida no planeta, pois sem ele a temperatura média da Terra seria 33 °C mais baixa impossibilitando a vida no planeta, tal como conhecemos hoje. O aumento dos gases estufa na atmosfera têm potencializado esse fenômeno natural, causando um aumento da temperatura (fenômeno denominado mudança climática).