Produção Agroflorestal sustentável é tema de encontro do Cema 16/09/2011 - 14:00

Transformar o setor rural em um aliado da conservação ambiental- esse é um dos desafios da Secretária Estadual do Meio Ambiente - que reuniu nesta quinta-feira (15), especialistas, técnicos e integrantes do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cema), para discutir algumas ações que compatibilizem o crescimento da produção agrícola e florestal com a necessidade de conservar os recursos naturais do estado.

O Controle das formigas cortadeiras, o manejo da bracatinga e da erva mate foram assuntos amplamente debatidos durante a reunião, onde os participantes puderam falar sobre a importância de se desenvolver formas de controle que causem menos impacto local.

Os temas estabelecidos pela Câmara Temática Biodiversidade, Bioma e Educação Ambiental, integram as diretrizes para conservação da biodiversidade paranaense e a elaboração de projetos e políticas públicas de Educação Ambiental. O grupo fez uma avaliação preliminar sobre formas de controle em Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e deve estabelecer um conjunto de normas para apoiar as atividades de produção agroflorestal.

Para o secretário executivo do Conselho, João Batista Campos, isso vai evitar a transformação dessas áreas em ambientes de monocultura. “Buscamos a incorporação da responsabilidade socioambiental com o setor rural, oferecendo conhecimentos aos produtores que podem utilizar técnicas e práticas agrícolas que possibilitam o uso do patrimônio natural, mas com responsabilidade social”, relatou.

Uma das preocupações do Conselho é a utilização de formicidas para o controle da formiga cortadeira. Para evitar prejuízos econômicos na produção agrícola, muitos ruralistas utilizam o veneno, que pode comprometer a qualidade dos recursos hídricos e causar impactos na fauna, causando inclusive a morte de peixes.

“Entendemos que devemos encontrar um senso comum, que mantenha as oportunidades de negócios para o meio rural, mas com respeito à legislação ambiental”.
Batista acredita que o grande desafio é transformar as imposições de mercado em oportunidades. “Isso só que poderá ser alcançado pela compreensão efetiva e prática de sua responsabilidade social e a mudança de atitude diante do meio ambiente”, completa.

Alternativas de manejo- No caso da bracatinga, a Câmara Temática está trabalhando na busca de uma alternativa para o manejo dessa espécie nativa que hoje é responsável por 80% da produção de lenha em Curitiba e Região Metropolitana. O problema é que muitos produtores estão substituindo essa espécie, utilizando a conversão de áreas convencionais para o plantio e cultivo de pinus e eucalipto. Já no caso da erva mate estão sendo debatidas soluções para a exploração de ervais nativos. “Em alguns casos, sem orientação, os produtores estão convertendo gradualmente as ervas nativas em áreas puras de erva-mate”, explica Batista. Segundo ele, isto dificulta o aproveitamento da erva, causando à eliminação das outras espécies florestais. Em ambos os casos, a prática causa um grande desequilíbrio na biodiversidade local. “Estamos estudando políticas de apoio agroflorestal que sejam sustentáveis, mostrando ao produtor rural que há benefícios em manter em suas propriedades o cultivo de bracatinga e erva mate”, explicou.
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Estratégia- A partir do ano que vem, os assuntos definidos pela Câmara Temática serão utilizados para elaborar uma estratégia estadual para conservação de ambientes naturais. Atualmente existem diversas ações que abordam fragmentadamente o processo de conservação das áreas naturais remanescentes no Estado. “É necessário que se estabeleça uma estratégia estadual, abrangente e integradora para discussão com a sociedade”, concluiu Batista. O conselho pretende, ainda, acompanhar a tramitação da Política Estadual de Educação Ambiental, trabalhando junto ao Conselho Estadual de Educação, o texto de regulamentação de referência à lei. O conselho pretende ajudar ainda no desenvolvimento do Programa Estadual de Educação Ambiental.

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