Técnicos da FAO aprovam trabalho feito no Inventário Florestal no Paraná 19/10/2016 - 15:30

Uma tarefa solitária, escondida na mata, mas fundamental para as florestas paranaenses e brasileiras. Assim é o trabalho de campo dos cerca de 12 técnicos da empresa Krüger Florestal, vencedora da licitação para execução dos levantamentos do Inventário Florestal do Paraná.

Desde 3 de outubro, os engenheiros florestais da empresa contratada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos visitam propriedades públicas e particulares para fazer um levantamento detalhado das florestas em todo o Paraná.

Nesta terça-feira (18), o trabalho aconteceu em uma área de Vegetação Ombrófila Mista da Mata Atlântica, em uma propriedade particular do município de Palmeira, a 70 quilômetros de Curitiba, e foi acompanhado por técnicos da Secretaria do Meio Ambiente e da FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que faz o levantamento das florestas em vários países do mundo. Eles vieram verificar se o trabalho no Estado está dentro dos padrões e da metodologia internacional para esse tipo de pesquisa.

Esta é a primeira vez que a francesa Anne Branthomme, técnica em Silvicultura da FAO, acompanha o trabalho no Paraná. Ela, que viaja a diversos países, ficou impressionada com a variedade da flora e a qualidade de vida das árvores analisadas. “É fascinante ver o tipo de vegetação existente no Paraná. As árvores daqui são mais tortuosas, menores e mais densas. O trabalho de análise está feito exatamente de acordo com os padrões e isso será fundamental para o inventário mundial”, explica Anne.

Todos os dados coletados são enviados para o Serviço Florestal Brasileiro, que fará um documento em que constará o foi coletado no País. Depois, esse documento será enviado para a sede da FAO, na Itália, que fará um levantamento das florestas no mundo.

Para o técnico da FAO em Brasília, Marcello Broggio, o levantamento das florestas é uma necessidade para o mundo. “Este é um trabalho solitário, que não é visto, mas será sempre lembrado, já que existe a real necessidade de que algo seja feito para conter a emissão de gases do efeito estufa, por exemplo. E a mitigação só será possível quando soubermos a realidade das florestas, dos biomas de todo o mundo. O Inventário será fundamental para um planejamento a longo prazo e para a captação de recursos para o desenvolvimento de políticas que possam melhorar a vida de todos nós”, explicou Boggo.

NA PRÁTICA - Os técnicos coletam os dados das árvores de acordo com padrões internacionais. Diferente dos inventários feitos anteriormente no Paraná, que usaram imagens de satélite, este adota escala em tamanho real. A medição acontece em árvores a partir de 10 centímetros de diâmetro e a cada 100 metros é feita a contagem e o recolhimento de dados das condições de cada árvore, com um equipamento conhecido como balisa e uma bússola de alta precisão. Não é uma fiscalização. É um trabalho de pesquisa e a escolha do local não tem relação com a propriedade.

São analisadas a altura do tronco, a posição sociológica, a saúde, o diâmetro e o espaço em que se encontram. A análise precisa ser feita exatamente no ponto estabelecido a cada 20 quilômetros. Nesta última etapa, o inventário florestal será feito em municípios das regiões Sudoeste, Metropolitana de Curitiba e Litoral e, ainda, dos Campos Gerais.

Os pesquisadores coletarão informações em 161 pontos determinados pelo Serviço Florestal Brasileiro. De acordo com Andres Krüger, presidente da empresa vencedora da licitação, 20% do trabalho já foram feitos. “Desde o dia 3 de outubro estamos em campo. Já conversamos com vários proprietários para explicar o nosso trabalho antes de entrar na área. Faremos um relatório que será dividido em cinco partes. O documento ficará na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, que vai repassar para o Serviço Florestal Brasileiro. O prazo oficial de entrega é em junho de 2017, então estamos indo bem”, avalia.

Os pontos determinados totalizam um raio de cerca de 3,2 mil quilômetros quadrados. A empresa contratada terá base em 20 municípios durante o levantamento e os técnicos estão uniformizados e identificados para a função.

INVENTÁRIO FLORESTAL - O inventário é um levantamento detalhado sobre a quantidade e a qualidade das florestas e, no Paraná, é elaborado em três fases. Esta é a última etapa. Para execução do trabalho foi firmada uma cooperação entre o Estado – por meio das secretarias do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e da Agricultura e do Abastecimento - e o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Serviço Florestal Brasileiro. O investimento nesta última etapa é de R$ 950 mil, com recursos do Bando Mundial, dentro do Projeto Multissetorial.

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